O Enigma

“De Jai Singh presume-se que tenha mandado construir os observatórios com o elegante desencanto de uma decadência que já nada podia esperar das conquistas militares, nem sequer talvez dos serralhos onde seus antepassados tinham preferido um céu de estrelas tépidas num tempo de aroma e música; Harém do alto ar, um espaço inconquistável estendia o desejo do sultão no limite das rampas de mármore; Suas noites de pavões brancos e de longínquas labaredas nas aldeias, seu olhar e suas máquinas organizando o frio caos violeta e verde e tigre; Medir, computar, entender, ser parte, entrar, morrer menos pobre, opor-se corpo a corpo à incompreensibilidade tachonada, arrancar-lhe um retalho da venda, cravar nela, no pior dos casos, a flecha da hipótese, a antecipação do eclipse, arrebatar nos punhos da mente as rédeas desta multidão de cavalos cintilantes e hostis.”

(citado por CARSALADE, 2001: 69)

3 comentários:

menina disse...

vc sabe que, quando estava com a sua monografia nas mãos, eu tive que ler essa citação várias vezes pra entender. aliás, não foi essa, foi aquela dos indras. será que todo mundo entende de cara e só eu que fui meio lerdinha?
hehe
=P



de qualquer forma, passei só pra dizer que eu te amo demais.

Rodrigo Brasil disse...

Na verdade, o comum é ninguem entender ela. Por isso eu coloquei enigma no titulo mesmo. Ela é bem direta em seu objetivo, mas se não seguir ela como um todo for pensar nas partes separadas vira um quebra cabeça de dois lados, então costumam fazer dela um enigma mesmo. Esta não é como a do Eliada lá de baixo que precisa de contexto e explicação, a resposta desta ta nela mesma, e prova outro ponto que acho importante a arte não é aleatoria, e cada um interpreta o quer, o que acho uma bobagem. A arte de verdade tem um objetivo, ela não é obivia e direta, mas existem interpretações equivocadas.

Adoro este poema (se é que é um poema)...Então qual o enigma?

Anônimo disse...

na verdade, estou morrendo de saudades.