É engraçado pra mim o quanto não me adepto a arte, não que não goste de arte porque adoro, mas me recuso a considerar qualquer coisa como arte, me recuso a ter de aceitar qualquer coisa que me empurram como arte, pelo simples fato de não achar que devo aceitar de não achar que aquilo deva ser considerado arte mesmo não tendo um conceito forte para isso. E é só em relação a arte que eu acredito que o "ACHAR" é mais importante que todo o resto.
Porque a arte pra mim como espectador é a somatória de tudo que a obra pode me fazer sentir, perceber, é a forma como ela me envolve, como aquilo que vejo pode envolver minha alma roubar minha respiração. Para mim nos sentimentos não existe um padrão de conduta, você sente percebe, você percebe e você acha.
Claro, existem as pessoas que passam sem ver, que olham sem enxergar, em geral não por motivo social, cultural, ou econômico mas simples porque não querem ou não tem paciência de olhar com atenção. Não treinaram o seu olhar, ou simplesmente não se importam, assim como os que ouvem sem escutar. Porque no caso, o olhar é tudo, não é a foto que é magnífica, é o olhar do fotografo que tem sensibilidade suficiente para perceber o que outros não tem. Não é a maquina, não é a luz, não é a técnica, é o olhar dele que desvenda os sentimentos e núncias que estão ali e que a maior parte de nos não quer, ou não liga de ver. Ai ele tira a foto e podemos olhar pelos olhos dele com o enquadramento especifico. A foto é uma janela para o mundo que ele vive, para como ele enxergar o mundo, e o eu lírico dele é unânime, é também o nosso eu, por isso sentimos, por isso choramos quando um filme chora. Assim como quando lemos um poema o eu-lirico do poeta, não é o poeta é o "eu" simples e nos sentimos como o poeta na poesia, por isso sentimos ela. Porque o poeta foi assertivo em captar as sensações e sentimentos que envolvem o "Eu".
Mas o que percebo em geral na arte, e esta é minha opinião é que a maior parte dos quadros é muito mais vazia do que as paredes onde estão inseridos, são um desculpa do tipo: "olha não quero me comprometer com sentimentos e significados (tudo aquilo que seria arte) mas olha tenho uma obra de arte ai na parede. Esta vendo, não tem titulo, não tem significado não tem cores nem traços mas um nome assinado, como pode perceber uma genuína obra de arte.
Como o HundertWasser disse: "As pessoas estão mais preocupadas em identificar arte do que se identificar com a arte."
E a arte então é contemporânea, porque não é mais moderna, e não sei de onde tiramos que a arte precisa ser moderna para ser arte, arte é arte seja a 100 anos atrás ou 1000, o tempo é irrelevante pra mim, é indistinto a arte. Para mim o momento e o lugar ou quem a fez não fazem a menor diferença sobre ela ser bela ou não. A obra de arte é completa esta toda ali nela, não precisa de explicação um observador dedicado pode decifrar seus segredos mergulhando o olhar nela, porque como Klint, o quadro é cheio de significados está tudo ali.
Mas me parece que existe uma busca por algo que não é a arte na arte. Valoriza-se não o quadro, mas o conceito do artista, algo totalmente fora da arte. Quer dizer, o quadro pode ser literalmente uma porcaria se o conceito for bom, e ser bom significa ser diferente de todo o resto então temos uma boa obra de arte nos padrões gerais. Ex se o fulano resolve pintar um quadro usando seu excremento, porque (a desculpa) isso representa seu eu interior na forma mais densa e podre revelando a verdade crua do seu eu-lirico. Então aceitamos o fulano como artista porque ninguém mais fez isso, porque é diferente de tudo e tem uma explicação que podia ser essa ou qualquer outra, mas o quadro em si, não tem eu-lirico nenhum, não tem sentimento não tem nada é pura merda. E nos aceitamos e idolatramos a merda.
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